7.20.2012

Café alucinógeno.

As horas do relógio passam a roupa e você aí frenético. Com o frio da madrugada, enrolado nas cobertas, parecendo um patético. Com uma xícara de café alucinógeno na mão, olhando para os cantos, pensando na vida, e seus respectivos encantos.

A doçura que o açúcar na quantidade certa, proporciona. O bom cheiro, cheira bem melhor que maconha. E no frio, com uma xícara de café alucinógeno embaixo da fronha, zumbizando na madrugada, e, mesmo acordado, com seus mais secretos desejos, você sonha.

O vento lá fora faz um certo alto barulho. E então você acende e fuma seu bagulho. Ventando tanto, levando até o entulho.Mas você, então, não da a mínima para chuva ou o vento. Porque você não está do lado de fora da casa, está no lado de dentro. Com seu café alucinógeno na mão, mais um gole você bebe, então.

O frio acaricia levemente seu rosto. Esfriando olhos, nariz, até o pescoço. Para se esquentar, melhor se mexer igual um boneco de posto. Mas você, tem uma xícara do café alucinógeno ao seu lado, e a cada gole, se sente mais esquentado, confortado.

E por mais ridículo que você pareça, não vai tirar aquilo tudo tão fácil da sua cabeça. Você já foi engolido, já mergulhou no sabor doce do café alucinante, se alucinou tanto, que com uma cobra, confundiu o barbante.

Mas nada disso importa, não tem mais perigo, você já trancou a porta. Você liga a TV, e lixos consumistas manipulativos é o que vê. Sua alma já foi tomada pelo frio, o café alucinógeno acabou de acabar, e só agora você viu.

O desespero por mais um gole então você tem. Corre na cozinha a procura do café, igual um louco, igual um trem. Seus olhos arregalados e o corpo estremecido, mas nem um sinal de que ainda havia café, tinha aparecido.

Você pega seu casaco e chapéu, sai de casa para comprar, nem que seja, mais um pouco desse café "from hell". Mas já é madrugada e nenhuma loja mais aberta, você se pergunta então, como foi se meter em toda essa merda.

O mais encantante encanto que o café alucinógeno possa oferecer, sua doçura, sua magnificência esplêndida, o seu charme formidável, você não pode ter. O frio, então,  transforma sua respiração em nuvem, você procura por um cigarro, mas até um cigarro, você está sem.

Andando pelas ruas, que pela chuva, estão escorregadias e molhadas, você se depara então, com um bando de vadias taradas. Olhando aquelas belas moças, você prepara seus melhores xavecos, ao se aproximar, percebe, não passam de travecos.

Mas a escassez do café já o fez até esquecer aonde é sua casa. Um dos travecos empurra um outro e grita "vai lá bicha, arrasa!". Com a mente atordoada você olha ela/ele se aproximando, mas ela/ele não quer seu amor, quer seu dinheiro, e a faca vai puxando.

Você pensa, então, em correr, mas não para de pensar no café que quer beber. A voz grossa dizendo para você não temer, que se você cooperar, mal a você não vai fazer.

Mas se você entregar o seu dinheiro, do café alucinógeno, você não vai sentir nem o cheiro.

E tudo isso acontecia enquanto o frio, a todos vocês, consumia. Até que todos na rua, você e os travecos, então, morreram de hipotermia. - Fim.

Que merda, prometo não fazer mais postagens assim.

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